Tenho medo quando se diz que algo tem potencial. Isso porque, ao mesmo tempo que “potencialmente” significa uma promessa, pode também dar ensejo a uma grande frustração: a decepção advinda daquilo que se esperou, mas que não se concretizou. Que encruou.
Quando o potencial não se concretiza, resta o sonho, a superstição, a crença.
É esta a tônica de “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos“, o mais novo filme de Woody Allen.
Ali, há muitos potenciais sucessos: o escritor que emplacou um primeiro grande livro, a moça de vermelho que tem o noivo dos sonhos, o setentão que resolve enfim aproveitar a vida.
Mas, pouco a pouco, vê-se que ter potencial nada garante; que quanto mais alta a expectativa, maior pode ser a queda.
E quando tudo começa a desandar, resta se apegar à esperança, seja de onde ela venha: uma cartomante, um novo – e inverossímil – amor, uma circunstância aparentemente favorável – mas também circunstancialmente passageira.
“Você vai conhecer…” é uma ode às segundas chances, mas também um retrato fiel de como não vale a pena colocar todos os ovos em uma só cesta.
Se estes se espatifam todos, sobra o quê? Decerto, apenas a fé…
(You Will Meet a Tall Dark Stranger, de Woody Allen, 2010)
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