Chutando de lado a bola da vez, o re.verb não vai falar do novo álbum do Strokes – ainda.
Primeiro, porque não tem muita graça falar sobre o que todo mundo está falando (até o Estadão de ontem dedicou a capa e uma página inteira ao assunto)…
Segundo, porque é preferível deixar o “furo” para quem se preocupa mais em contar antes – mas não necessariamente melhor – e só falar quando realmente se tiver algo a dizer; depois de digerir, de fato, o conteúdo.
Digo isso porque obras culturais como um todo, mas comumente as músicas, demoram um tempo até fazerem, ou não, sentido. O impacto inicial pode, muitas vezes, se alterar depois que se pensa e ouve outras vezes.
Tudo isso para dizer que, infelizmente, não é o que ocorre com o novo álbum de Lykke Li, Wounded Rhymes. Não gostei desde a primeira escutada – e permaneço não gostando.
A música de Lykke perdeu o frescor; a deliciosa esquisitice deu lugar a um pop lugar comum.
Barulhinhos estranhos – que ainda existem, como em “Follow Rivers” – já não soam mais como em Youth Novels (o ótimo álbum anterior) e Lyyke perdeu aquilo que tinha de melhor: a cada faixa proporcionava a sensação de se estar ouvindo algo novo, diferente.
Desta vez, não é nem algo novo, tampouco mais do mesmo – o que neste caso seria muito bom – mas é uma outra pegada, mais previsível e menos interessante.
Nesse sentido, li em algumas resenhas que o álbum estaria “introspectivo”. Discordo. Instrospecção pressupõe sentimentos e pensamentos profundos. Lykke soa, sim, mais melancólica, mais reclamona, mas o que dá o tom é um descontentamento superficial – não é uma desilusão a la Suburbs, do Arcade Fire, para citar um exemplo.
Desde a primeira escutada, uma pergunta persistia: “essa loira bonitinha que está cantando é Lykee Li, ou Duffy?”
Não me leve a mal, acho o álbum de estréia da última até bem bacana, mas não é inovador. O primeiro de Lykke era.
Um exemplo: “Dance, Dance, Dance” (minha preferida) traz uma mistura rara e excelente de ritmos – batidas sacolejantes e inusitadas – junto com uma letra que é a um só tempo mais simpática e “profunda” do que qualquer uma de Wounded Rhymes (“having troubles telling how I feel but I can dance, dance, dance. Could not possibly tell you how I mean but I can dance, dance, dance“).
Desta vez, porém, as letras estão mais para desabafos adolescentes (como em “Love Out of Lust“: “I’d rather die, than die alone“) do que resmungos relevantes; a música de Lykke retrocedeu em maturidade.
As batidas também estão lentas, chatas, rasas, dificilmente encantam ou instigam.
Muito tem se falado sobre uma faixa em especial, “Get Some” – não surpresa a faixa menos molenga e mais “saidinha” -, mas mesmo quando nela se ouve “Don’t pull your pants before I go down“, falta convencimento na safadeza…
Wounded Rhymes é, enfim e infelizmente, apenas um outro álbum, dentre tantos que surgem por aí. Não se destaca e não encanta. Ainda bem que o frescor de Youth Novels é tamanho que permanece surpreendendo toda vez. Este album sim, e não aquele, é o novo de Lykke Li.
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